Por
Fernanda Lopes
Nada melhor do
que saber que você está se alimentando com um produto de qualidade, não é
mesmo? Em um cenário como o atual, onde o Brasil lidera o ranking mundial de
consumo de agrotóxicos, é importante valorizar os alimentos livres de veneno. O
Programa de Aquisição de Alimentos – PAA, que surgiu em 2003, proporciona isso.
O objetivo é promover o acesso à alimentação e incentivar a agricultura
familiar que, como sabemos, costuma cultivar muito bem seus produtos.
A 7ª edição da
Troca de Saberes aconteceu durante o último fim de semana e promoveu diversas
atividades. Entre elas uma conversa sobre o PAA que contou com a participação
de agricultores familiares, representantes de cooperativas e associações, a
Nutricionista Chefe do Restaurante Universitário da UFV, Fátima Ladeira, e a Assessora Especial de Saúde da Pró-Reitoria
de Assuntos Comunitários da UFV, Silvia Priore. A UFV aderiu ao programa no ano
passado, Fátima e Silvia foram para esclarecer o funcionamento do PAA na
instituição. A conversa serviu para que os agricultores tirassem suas dúvidas e
também pudessem ter conhecimento dos gargalos que a universidade ainda enfrenta
na execução do programa.
Já
foram feitas duas chamadas e uma terceira está confirmada, mas a greve dos
servidores estagnou o processo. Para
Fátima Ladeira, a principal importância do PAA na universidade é o papel social
da instituição. A compra dos alimentos permite deixar parte “desses recursos
aqui na nossa microrregião de Viçosa, na região da zona da mata”. A nutricionista
ainda disse que esse tipo de debate com os agricultores é muito rico, pois
permite que a universidade tenha conhecimento das dificuldades enfrentadas
pelos agricultores e agricultoras. O espaço também serviu como “oportunidade de
conhecer as pessoas e como forma delas poderem vir até a comissão, vir até o
programa pra apresentar os problemas” e ainda apresentar sugestões que podem
agregar na construção de chamadas futuras.
O
projeto Cooperar marcou presença no debate, é claro. Representantes dos quatro
empreendimentos beneficiados estavam lá. O presidente da COOPAF de Muriaé,
Antônio Carlos Bagle, disse que a conversa com a UFV é um avanço, já que antes
esse espaço no existia. “A gente vê que ainda tem muita dificuldade, muita
coisa pra construir, mas isso vem sendo conquistado”. Ele ainda sugere que
esses encontros aconteçam mais vezes. “Nossa instituição tem que ganhar espaço
na UFV para estar, talvez, participando a cada dois ou três meses, montando uma
reunião onde a gente pode trazer e resolver os problemas”, dessa forma o
planejamento seria construído em conjunto.
Entre
os participantes estava também Flânio Alves, produtor de Manhuaçu e presidente
da Cooperativa Regional
Indústria e Comercio de Produtos Agrícolas do Povo que Luta, COORPOL. Eles fornecem produtos para o
PAA e para o Programa Nacional de
Alimentação Escolar, PNAE, há cinco anos. A experiência com esses
dois programas foi muito importante para os cooperados porque incentivou que
eles diversificassem a produção. Antes o predomínio era do café, mas agora eles
entregam mais de 30 produtos como hortifruti, quitandas e doces. Além disso,
começaram a surgir projetos de pequenas indústrias para produzir panificados,
por exemplo. Flânio destacou que “isso tem sido uma oportunidade muito grande
de geração de emprego e renda e uma oportunidade também da integração das
mulheres e dos jovens da comunidade”. Ele também comentou que sobre alcance que
a universidade pode dar para os fornecedores da agricultura familiar. No caso
da COORPOL, entregar produtos na UFV seria uma forma de divulgar a marca.
Márcio
Gomes, professor da UFV, foi o facilitador da conversa. Ele disse que o
objetivo do espaço era divulgar a política pública para mais agricultores e
organizações “para conseguir atender a demanda que a universidade coloca e conseguir
ampliar a chamada pra valores maiores, com mais itens”. Para Márcio a presença
de tantas representações de empreendimentos diferentes foi um ponto muito
positivo, isso significa que o objeto de disseminar o PAA foi alcançado e que
mais regiões terão conhecimento sobre o programa.
Depois
do debate sobre o PAA a Rede Raízes da Mata teve um momento de conversa com os
agricultores e agricultoras. O espaço pretendia apresentar a equipe nova,
melhorar o diálogo entre a Rede, os fornecedores e os prossumidores e melhorar
também a articulação da entrega de produtos.
A
7ª Troca de Saberes aconteceu de 10 a 13 de julho e teve como tema "Brotar
da terra a liberdade do florescer da vida". Os beneficiários do projeto
Cooperar estiveram por lá e participaram de diversas atividades nesses quatro
dias.
O
Projeto Cooperar: superando desigualdades de renda, é executado pelo Centro de
Tecnologias Alternativas da Zona da Mata, CTA-ZM, com patrocínio da Petrobras
por meio do selo Petrobras Socioambiental. O projeto tem o objetivo de promover
a geração de renda a partir da inclusão produtiva e do acesso ao mercado de
agricultores e agricultoras familiares nos municípios de Muriaé, Acaiaca,
Divino e Espera Feliz.
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